Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa, 05/08/1921 (Athena, vol. I, nº 3, Dezembro de 1924)
Mãe:
Outro dia, ao ouvir um destes programas de televisão que não me lembra o nome, estava uma brasileira a explicar que quem tem problemas de insónia, deve refugiar-se no seu "mantra".
E o "mantra" segundo ela explicava, é uma recordação boa que aconchegue, onde nos sintamos bem, protegidos, seguros.
Dei comigo a reflectir qual era esse lugar...
E lembrei-me Mãe do sítio onde eu me sentia tão bem... Em nossa casa, na Covilhã, na cama, naquelas manhãs frias da nossa terra, a ouvir o toque do sino de São Tiago, com o barulho da casa como pano de fundo e uma preguiça doida para me levantar, pois eram horas de ir para o colégio.
Agora, quando tenho insónias é esse aconchego que procuro recordar e sinto-me tão relaxada e em conforto que normalmente adormeço.
É o sino da minha aldeia!!!!!!!!!!!!
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