25 novembro 2010

Ó sino da minha aldeia

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa, 05/08/1921 (Athena, vol. I, nº 3, Dezembro de 1924)


Mãe:

Outro dia, ao ouvir um destes programas de televisão que não me lembra o nome, estava uma brasileira a explicar que quem tem problemas de insónia, deve refugiar-se no seu "mantra".

E o "mantra" segundo ela explicava, é uma recordação boa que aconchegue, onde nos sintamos bem, protegidos, seguros.

Dei comigo a reflectir qual era esse lugar...

E lembrei-me Mãe do sítio onde eu me sentia tão bem... Em nossa casa, na Covilhã, na cama, naquelas manhãs frias da nossa terra, a ouvir o toque do sino de São Tiago, com o barulho da casa como pano de fundo e uma preguiça doida para me levantar, pois eram horas de ir para o colégio.

Agora, quando tenho insónias é esse aconchego que procuro recordar e sinto-me tão relaxada e em conforto que normalmente adormeço.

É o sino da minha aldeia!!!!!!!!!!!!

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