Tenho andado entretida a ouvir um programa que deu na RTP em 2009/2010 e ao qual não assisti em directo: Conversa de escritores.
José Rodrigues dos Santos entrevista em suas casas os autores de "best sellers" de várias nacionalidades.
Li aqui na internet um comentário sobre este programa e tenho adorado.
Comecei por ouvir os escritores que já conhecia: Isabel Allende (li quase todos), Miguel Sousa Tavares (li - "Equador" e "Rio das Flores"), Amin Maalouf (li "Origens") , Paulo Coelho (li 2 ou três), Ian McEwan (li recentemente "Sábado") e depois os autores que desconhecia ou dos quais nunca li nada.
Achei imensa graça à entrevista com Sveva Casati Modignani de quem nunca li nada nem sei se lerei, mas ela é muito engraçada e o italiano é uma língua que me delicia ouvir. Consigo perceber praticamente tudo mas não sou capaz de falar, pois sai-me em espanhol.
Foi pena que Romana Petri - tenha dado a sua entrevista - 19/8/2009 - em português, mas fez uma observação interessante: "Lisboa é a única cidade do mundo que continua a ter a sua luminosidade mesmo em dias em que não há sol. Só Lisboa em dias sem sol continua resplandecente. É a luz do Atlântico que é diferente de todas as outras."
Da conversa com Robin Cook, que não conhecia, fiquei com curiosidade, por se tratar de um médico que escreve sobre medicina, tema que me interessa.
Pelo que percebi da sua longa bibliografia, escreve sobretudo livros de ficção científica e de "suspense" que não é nada o meu género de leitura.
Encontrei, no entanto, este livro numa estante da Barcoiça, que não sei como lá foi parar e embora a edição não me deslumbrasse - trata-se de um livro de 1972 - consegui lê-lo e até achei interessante a descrição da vida dos médicos internos dum Hospital no Havai.
Sempre tive a ideia, sobretudo através das séries que passam na televisão que tudo funciona bem nos hospitais americanos.
" - Dr. Peters, o doente deixou de respirar e não lhe sinto o pulso!
A voz da enfermeira ao telefone soava desesperada, mas o jovem Dr. Peters, nas primeiras semanas do seu internato, sentia-se apenas cansado e um pouco assustado.
Não se lembrava já da última vez em que dormira. Sabia, no entanto, que nas próximas horas teria de tomar decisões de vida ou de morte em relação aos seus pacientes, ajudar os cirurgiões desdenhosos na sala de operações, lidar com enfermeiras que talvez soubessem mais do que ele, enfrentar os familiares e amigos preocupados dos doentes e sinistrados e aparentar sempre algo que ainda não alcançara - tornar-se um médico cem por cento qualificado".
Robin Cook culpa o sistema pela constatação de que a maioria dos estudantes que entram para a escola médica, cheios de visões idealistas sobre o alívio do sofrimento, a ajuda aos pobres, o fazer o bem, se transforma à saída na "reclamação do seu direito" de ter um grupo financeiramente compensador de doentes que lhe permita comprar casas e carros luxuosos, em recompensa das privações que passou nos seus anos de preparação.
Estou convencida que não deve ser muito diferente a preparação dos nossos médicos em Portugal.
Lá como cá....más fadas há!
30 setembro 2011
28 setembro 2011
Belle nuit ô nuit d'amour
Como eu seria culta, se tivesse no meu tempo de juventude, a facilidade que existe hoje em dia de sabermos e de encontrarmos o que procuramos!!!!
No filme de Woody Allen sobre o qual escrevi ontem, tocou uma música que eu não sabia identificar mas que me lembrava de ter ouvido no filme "A vida é bela" do italiano Roberto Benigni.
Procurei no You Tube e encontrei esta cena do filme que foi, para mim, das mais comoventes, com essa música que se chama Barcarola - Belle nuit ô nuit d'amour da ópera "Os contos de Hoffmann" de Jacques Offenbach.
Aqui fica para a rever quando me apetecer.
No filme de Woody Allen sobre o qual escrevi ontem, tocou uma música que eu não sabia identificar mas que me lembrava de ter ouvido no filme "A vida é bela" do italiano Roberto Benigni.
Procurei no You Tube e encontrei esta cena do filme que foi, para mim, das mais comoventes, com essa música que se chama Barcarola - Belle nuit ô nuit d'amour da ópera "Os contos de Hoffmann" de Jacques Offenbach.
Aqui fica para a rever quando me apetecer.
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27 setembro 2011
Paris
Fui ver ontem este filme de Woody Allen ao cinema Alvalade.
É raro ir ao cinema mas quando vou apetece-me repetir a dose sobretudo quando, como neste caso, valeu a pena.
"Midnight in Paris" mostra-nos Paris de manhã, à tarde e à noite e o fascínio da "cidade Luz".
Com actores bonitos e uma bela fotografia faz-nos regressar aos anos 20 e contactar com os "monstros sagrados"da Literatura que viveram em Paris- Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Gertrude Stein.... - e da pintura - Pablo Picasso, Salvador Dali....e mais tarde à "Belle époque" visitar T. Lautrec, Degas e Gauguin.
O filme é uma história de amor de Woody Allen pela belíssima cidade francesa e a sua nostalgia em ter tido contacto com "grandes" de outras épocas e por isso faz essa viagem no tempo.
Por fim conclui que o que mais importa é o presente e ...esse momento debaixo de chuva em Paris....
Belo filme. Gostei muito.
Nota: as imagens foram tiradas da internet.
21 setembro 2011
Outono
E porque hoje dia 21 de Setembro entra o Outono, mudo o fundo com uma imagem que fui buscar ao google e a canção que ouvi vezes sem conta na minha juventude: "Les feuilles mortes" poema de Jacques Prévert e cantada pela 1ª vez por Yves Montand no filme - "Paris is allways Paris" - 1951.
Eram assim as festas na minha juventude. Os bailes de carinha encostada. Eram o máximo!!!!!
Eram assim as festas na minha juventude. Os bailes de carinha encostada. Eram o máximo!!!!!
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16 setembro 2011
Setembro
No meu passeio diário a buscar e levar crianças à escola, vinha a pensar na roda que a vida é.
Olhar o ciclo das árvores da barcoiça: ora cheias de folhas verdes que nos dão a sombra fresca nas tardes de Verão, agora amarelecendo, durante o outono, para cairem e sujarem tudo à sua volta nos meses de Inverno e novamente despontarem, com os primeiros cheiros da Primavera.
Também as crianças cumprem este ciclo: acabaram as aulas há tão pouco tempo, radiantes pela perspectiva de férias e agora estão de volta às suas obrigações, com mais um ano e a começar tudo de novo.
Setembro, que é para todos um recomeço, a mim lembra-me que estou a caminhar para o fim da estrada....
Vinha a pensar nestas coisas e sem saber bem como havia de as escrever.
Mesmo a propósito, tinha no e-mail este texto de José Tolentino de Mendonça que tem o dom da escrita e resume tão bem o seu pensamento:
Olhar o ciclo das árvores da barcoiça: ora cheias de folhas verdes que nos dão a sombra fresca nas tardes de Verão, agora amarelecendo, durante o outono, para cairem e sujarem tudo à sua volta nos meses de Inverno e novamente despontarem, com os primeiros cheiros da Primavera.
Também as crianças cumprem este ciclo: acabaram as aulas há tão pouco tempo, radiantes pela perspectiva de férias e agora estão de volta às suas obrigações, com mais um ano e a começar tudo de novo.
Setembro, que é para todos um recomeço, a mim lembra-me que estou a caminhar para o fim da estrada....
Vinha a pensar nestas coisas e sem saber bem como havia de as escrever.
Mesmo a propósito, tinha no e-mail este texto de José Tolentino de Mendonça que tem o dom da escrita e resume tão bem o seu pensamento:
"O CAMINHO E A ESTALAGEM
Não nos podemos instalar simplesmente nas vitórias de ontem, nos saberes adquiridos de um dia, nas experiências de uma determinada etapa.
Chega setembro e damos por nós a conjugar regressos. Há duas maneiras de encarar este reencontro com o nosso quadro habitual de vida.
Podemos entendê-lo como um retomar simples de um percurso que a pausa estival interrompeu. Voltamos aos mesmos lugares, ao mesmo ritmo, aos mesmos tiques rotineiros, como se a vida fosse um contínuo inalterado. Ou podemos voltar, tendo ganho uma distância crítica e criativa, em relação ao modo como habitamos o real que nos cabe.
Sentimos então, como naquele verso de Rainer Maria Rilke, que temos de chegar ao que conhecemos e arriscar olhá-lo como se fosse a primeira vez. De facto, a vida, nas suas várias expressões (laborais, familiares, afetivas…) precisa de recomeços que o sejam verdadeiramente. Não nos podemos instalar simplesmente nas vitórias de ontem, nos saberes adquiridos de um dia, nas experiências de uma determinada etapa.
O recomeço supõe uma abertura esperançada em relação ao hoje, encarando-o com a pobreza e a ousadia de quem aceita, depois de ter percorrido já uma estrada, considerar que está novamente, e que estará até ao fim, a viver sucessivos pontos de partida.
Neste sentido, precisamos de jogar a vida no aberto, mantendo uma plasticidade interior que é um grande investimento de confiança no modo como Deus se vai manifestando a cada momento. Talvez precisemos todos escutar mais profundamente a vida para captar essa novidade que nos chega por dentro, esse refazer das disposições interiores, essa rejuvenescida vontade de nos pormos à estrada, quando a tentação que nos sobrevém, a dada altura, é a de nos arrumarmos num canto qualquer.
Há aquela frase exigente e fantástica que o D.Quixote repetia: “vale mais o caminho do que a estalagem”. Setembro abeira-se de nós assim, desafiando-nos não a um regresso à estalagem, à zona de conforto, à vida tornada mais ou menos maquinal, mas a expormo-nos aos reinícios autênticos, ao refazer humilde e apaixonado do nosso labor, às aprendizagens que nos avizinham silenciosamente do definitivo escondido no provisório que tateamos."
José Tolentino Mendonça
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11 setembro 2011
Nine eleven
Faz hoje 10 anos que foram os atentados de Nova Iorque - 9/11/2001.
Todas as televisões de todo o mundo vão passar novamente as imagens aterradoras.
As imponentes Torres Gémeas, que eu ainda tive a sorte de ver ao vivo, a serem derrubadas por aviões pilotados por loucos terroristas.
O mundo não voltou a ser o mesmo e as pessoas ficaram marcadas por estas imagens.
Eu nasci durante a 2ª Grande Guerra onde se cometeram as maiores atrocidades. O mundo estava louco!
Os meus netos nasceram depois deste triste espectáculo a que todos assistimos.
O mundo continua louco!
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08 setembro 2011
Escrevendo
Casa dos Alçadas - serra da Estrela, algures nos anos 60.
As duas a escrever: a Mãe, pelo volume de páginas que tem à sua direita, devia estar a escrever um tratado de filosofia ou as suas memórias...
E eu, estaria a estudar no Verão? Fisica do 7º ano, única cadeira que chumbei e que tive que repetir em Outubro?
Não me lembro, mas gosto da fotografia e do seu ambiente de tranquilidade.
Saudades imensas dum tempo que já vivi...
07 setembro 2011
Livro
Uma entrevista na televisão a José Luis Peixoto, que apareceu cheio de "piercings" nas orelhas e que levaram o Jorge a sair logo da sala e a dizer que deste "gajo" não ouvia nada...
Eu, ouvi toda a entrevista e fiquei impressionada pela personagem, com aquela indumentária toda preta, botas da tropa e cheio dos referidos "apêndices" nas orelhas e não só...
Despertou-me a atenção o seu olhar doce e profundo que contrastava com o aspecto exterior.
Percebi que viveu, ou ouviu falar aos seus pais, dificuldades no Portugal dos anos 40-60 e que, talvez por isso, se situa politicamente à esquerda, onde tendem a acoitar-se aqueles que pensam que o socialismo - tirando a poucos para distribuir por muitos, ficando todos mal - é solução para alguma sociedade mais justa e fraterna.
Resolvi desempacotar o "Livro" que tinha comprado para oferecer no Natal e que esteve todo este tempo arrumado, embrulhado no papel de presente.
Conta a história de Adelaide e Ilídio (talvez seus Pais) na sua vivência numa vilória que ele não identifica mas que deve ser as Galveias terra onde JLP nasceu.
Conta a odisseia da sua "viagem" para "a França", onde fizeram a sua vida, só voltando à terra em Agosto, nas "vacanças", com as mãos cheias de notas, para construirem as maravilhosas "maisons estilo fenêtres", que abundam pelo nosso País.
Na 2ª parte do livro, após a abrilada, parece que o autor resolveu mudar o tom e entra em contacto directo com o leitor, parecendo muitas vezes que nos está a gozar.
Também eu, como os pais do escritor, cresci no Portugal dos anos 40-60.
Vivi alheada da realidade que ele descreve, pois pertencia a uma burguesia da classe média, a quem as descrições presentes neste livro, não emocionam nem dizem grande coisa.
Não éramos ricos.
O meu Pai, médico na província, conseguia com apenas o seu ordenado, pois a Mãe não trabalhava, manter uma casa com 5 filhos, um avô e 3 criadas e pôr os filhos todos a estudar fora, em colégios particulares.
Já nós, eu e o Jorge, nos anos 70 - 90, tivemos que trabalhar os dois, para dar às nossas filhas menos do que tínhamos recebido: uma casa pior, menos empregadas, menos viagens e vida em sociedade, menos festas e férias.
As minhas filhas, vêm-se aflitas para conseguir ter o número de filhos que gostariam e baixaram ainda mais o nível de vida.
Ou seja: as "amplas liberdades" tão apregoadas no 25 de Abril só vieram destruir a classe média.
Lembro-me, quando era pequena, de ver miúdos de pé descalço, de ver pobreza, mas não me lembro de ver miséria como a que se vê nas ruas de Lisboa, com gente a dormir no chão, arrumadores drogados com aspecto doente e desgraçado e bairros sociais ao redor das grandes cidades, centros de droga e delinquência.
A descrição de Peixoto é sórdida, chocante e por vezes mesmo nojenta.
É difícil apreciar o livro e o pensamento de alguém que se encontra e tem uma visão da vida e do mundo, nos antípodas do meu.
Consegui lê-lo todo, mas ficou-me no final uma sensação física de enjôo.
Encontrei na internet 4 críticas a este "Livro":
http://aminhaestante.blogspot.com/2010/10/livro-jose-luis-peixoto.html
http://queroumlivro.blogspot.com/2011/01/livro-jose-luis-peixoto_07.html
http://oprazerdeler.blogs.sapo.pt/28389.html
http://ilicito.net/2011/01/livro-jose-luis-peixoto/
Bem diferentes da minha, claro!!!!
Nota: Este post foi escrito num bloco que passou a andar sempre comigo enquanto esperava pela consulta do Lucas - 2 horas à espera...É giro escrever à mão. ´
Só escrevo à mão os recados para a Avelina e a assinatura no cheque que passo uma vez por mês.
A minha letra está um horror...!!!
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leituras
06 setembro 2011
António Lobo Antunes
Já folheei vários livros deste autor, mas nunca tive coragem para comprar pois tenho ideia que é confuso e com uma maneira de escrever difícil de acompanhar.
Numa entrevista que li dele, afirma:
" Green dizia que um escritor é um fulano sentado a uma mesa, cercado de criaturas que não existem.
Não acho assim: sou um fulano sentado a uma mesa, recebendo frases que não entende de onde lhe vêm e se colocam mais ou menos por ordem, apesar dele.
A seguir vem o trabalho pesado das correcções sucessivas, cortes, ofício de costura, achar outro modo, horas numa vírgula."
Tenho impressão que é desta vez que me vou aventurar a ler o mano mais velho.
Numa entrevista que li dele, afirma:
" Green dizia que um escritor é um fulano sentado a uma mesa, cercado de criaturas que não existem.
Não acho assim: sou um fulano sentado a uma mesa, recebendo frases que não entende de onde lhe vêm e se colocam mais ou menos por ordem, apesar dele.
A seguir vem o trabalho pesado das correcções sucessivas, cortes, ofício de costura, achar outro modo, horas numa vírgula."
Tenho impressão que é desta vez que me vou aventurar a ler o mano mais velho.
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