Acabei de ler a entrevista a A. Lobo Antunes feita pela jornalista María Luisa Blanco
Gostei, embora tivesse achado um bocado monótona, pois as perguntas repetem-se ao longo do livro e as respostas também.
Gosto muita da maneira como ele descreve o seu envolvimento na escrita e o que isso prejudica o relacionamento normal com as pessoas.
Quando escreve, está de tal maneira absorvido nas palavras e nas frases, que não consegue dar atenção aos outros nem ao ambiente que o rodeia:
[...]"Nunca me sinto só quando estou só.Sinto a solidão quando vou jantar com gente aborrecida, porque penso que estou a perder o meu tempo, que estaria melhor a ler. Quando estou sozinho, estou com os meus personagens, com os meus amigos, com os meus livros. Mas também não desprezo essas reuniões, porque às vezes há encontros maravilhosos, posso conhecer alguém e sentir, de imediato, que é como um amigo da infância, e isso por vezes acontece-me.
Penso que a amizade é regida pelo mesmo mecanismo que o amor, é instantânea e absoluta. A amizade proporciona-me uma sensação física inexplicável. Jorge Amado repetia-me: "Olha, pequeno, na vida só há duas coisas importantes: o amor e a amizade. O resto não vale nada.""[...]
O último capítulo é uma entrevista aos Pais do escritor.
Ele queixa-se, nas suas crónicas, de que o Pai era um ser muito egoista e isso sobressai em toda a entrevista. A narradora a fazer-lhe perguntas sobre o filho e ele (que poucos livros do filho conseguiu ler) a falar principalmente dos seus gostos e dos seus interesses.
A Mãe (surdíssima e, pareceu-me, bastante snob) a não compreender como ele que foi o filho e neto mais velho, super mimado e protegido, consegue escrever livros, segundo ela, tão tristes e como descreve pessoas e ambientes nos quais nunca viveu.
[...]"Eu leio os seus livros mas não os desfruto porque é tudo muito triste, são tudo desgraças...Esses personagens não pertencem à nossa sociedade. Não é a gente com quem convivíamos.[...]
Parece muito mais interessada em falar do filho João do que deste, sobre o qual teve sempre este comentário:
"O António é esquisitíssimo!"
Engraçadas são as famílias....!!
Gosto muito mais deste tipo de livros que de romances.
Começo a ter pouca paciência para ler romances.
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