25 maio 2012

Tolices contagiosas


Contágio

23 | 05 | 2012   19.12H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt
Uma pergunta domina a actualidade: a queda da Grécia gerará contágio sobre Portugal? Infelizmente, nessa discussão é costume esquecer os elementos básicos do problema. O facto decisivo é a quase inevitabilidade da queda grega. Não existem muitas hipóteses de se evitar aí uma derrocada político-social com o consequente choque económico-financeiro.
Ora este triste facto é também a razão decisiva para não existir o tão badalado contágio. Com poucas relações directas, os eventuais efeitos da situação grega sobre nós não se justificam por razões económicas. Isso significa que só podem acontecer num pânico irracional. Esse medo é compreensível no meio da incerteza internacional que potencia turbulência e criou tantas ameaças nos últimos anos.
Mas é preciso lembrar que ninguém entra em histeria com aviso. O pavor é um fenómeno súbito, inesperado, instintivo, que nunca acontece de forma antecipada e programada. Ou seja, há dois ou três anos uma ruptura grega teria efeitos devastadores por toda a Europa. Agora já toda a gente descontou o que havia a descontar, já provisionou todos os riscos previsíveis. Uma queda grega será muito dolorosa e séria para a Europa, mas dificilmente gerará contágios financeiros.
Dali surpresas só positivas, porque todos há muito esperam o pior. Isso significa que toda esta conversa sobre contágio é, não uma análise séria da situação, mas um palpite instintivo e retórico, opinião a metro que infelizmente domina boa parte da imprensa. Essa tese só mostra como a tolice infelizmente é sempre tão contagiosa.
In Destak

Concordo com J.C.N. Deus permita que não ocorra este pânico irracional. Os media não ajudam nada...

24 maio 2012

Mais Leonard Cohen

Dance me to the end of love....

19 maio 2012

João




Falei pouco com ele durante a minha vida.
Respeito? Vergonha? Falta de intimidade?
Um pouco de cada.
Era o mano mais velho.
O que teve o maior sucesso pessoal e profissional.
Olhava para nós, manas, com um ar superior.
De mim fazia troça.
Chamava-me às vezes: babala!!!
Será que gostou do Livro que eu escrevi sobre a Mãe?
Nunca percebi: nem sequer sei se alguma vez o leu!
Quando penso nele, no entanto, sinto uma ternura e uma saudade profunda e indescritível da sua presença, da sua protecção. Sabíamos que estava ali. Que nos amparava. Que resolvia todos os assuntos. Que era o mano sabedor.
Que falta enorme nos fazes querido irmão!
Quando esteve doente no Hospital naqueles 15 dias terríveis de Fevereiro de 2006, tive tempo de lhe dizer: "Gosto muito de ti" e de ouvi-lo dizer: "Também gosto muito de ti!"
E não me esqueço de ele nos dizer nessa altura: "Quando se chega a esta fase da vida, só há duas coisas que interessam: a religião e a família. O resto (e fez um gesto com a mão) não o levarás contigo".
Não me posso esquecer de comentar isto contigo, no dia em que nos tornarmos a encontrar...

07 maio 2012

Facebook

Enquanto o blog é uma actividade mais ou menos solitária onde cada um vai debitando o que lhe apetece, quando está para aí virado, uns com muitos comentários, outros, como os meus, quase sem comentários, o facebook é mais interactivo e imediato e por isso passo por lá várias vezes ao dia.
Vou vendo e acompanhando as mães e as avós a mostrar os seus meninos.
Sei sempre quem faz anos e é uma maneira fácil de dar os parabéns.
Tenho pena que haja por lá pouca gente da minha geração.
Acho sempre imensa graça aos "status" que a Ticha vai publicando pois não se coíbe de pôr o que lhe passa pela cabeça e escreve duma maneira muito gira.


Um dos últimos era:
"Como é que se ensina a menina da caixa que não pode falar da vida pessoal, com a colega, enquanto atende os clientes?
Fiquei a saber que tem o baptizado da sobrinha e que vai pedir à Rosa para trocar de turno. Isto se o Sr. Venâncio, o chefe, autorizar...
A colega acha que sim, que ele vai autorizar. Afinal, "não há baptizados todas as semanas, pá!!"


Comentei assim:
" Eu digo-lhes. Chamam-me velha rabujenta...!!!

Neste momento estou a acompanhar as obras em casa da Marta pois têm estado a pôr fotografias do caos em que estão metidos.




Tiveram que mudar o chão da sala porque a madeira estava toda a apodrecer com formiga branca.
Deus queira que fique tudo pronto antes do bébé nascer.
Eles são novos e nada lhes faz confusão.
Lembro-me de ter feito obras totais na cozinha e casa de banho e termos vivido todos cá em casa.
Agora nem consigo perceber como nos organizamos durante dois meses.
Para tudo há uma época na vida!!!

06 maio 2012

Dia da Mãe

Hoje, dia de todas as Mães, fui à missa com a Rita o Gustavo e os filhos e  almoçar à Pateira com as outras filhas e netos.
Inauguraram um brunch que não presta para nada, mas estava um dia lindo de sol e enquanto as crianças corriam, gozamos aquele espaço privilegiado.
Cada vez que há mudanças de gerência é para pior.
Vi as filhas e os netos todos juntos que é sempre bom.
A Marta está muito bem e não engordou quase nada.
A Madalena um bocado enjoada.
Pensei muito em si minha querida Mãe.
Há-de arranjar alguma maneira de receber o meu beijinho.

05 maio 2012

Arroz de frango/pato

É outra das minhas especialidades.
Resolvi fazer o o arroz de frango como faço o de pato.
Aqui fica a receita para ambos:


Frita-se em azeite o pato inteiro até ficar bem dourado.
Junta-se água e deixa-se cozer.
Desfia-se o pato e guarda-se a água da cozedura.




Faz-se um refogado bem apurado (no caso do pato com pouco azeite para não ficar muito gorduroso).




Junta-se a água da cozedura (2 vezes a medida do arroz) a que se junta uma colher de sopa de molho de soja para escurecer.
Quando levantar fervura junta-se o arroz previamente lavado.
Deixa-se cozer em lume brando e tapado durante 10 minutos.
Põe-se num pirex uma camada de arroz, o pato desfiado e nova camada de arroz.
Põe-se por cima chouriço às rodelas e vai ao forno fritar o chouriço.
Pode fazer-se de véspera pois fica sempre bom.


Antes de ir ao forno.



04 maio 2012

Este senhor anda a irritar-me

Ontem na Quadratura do Círculo não arranjaram melhor tema para discutir que os saldos do Pingo Doce.
A única opinião válida foi a de António Lobo Xavier mas mesmo assim mal argumentada.
O Costa, já se sabe, aproveita para dizer mal do governo.
O Pacheco Pereira mostra o seu ressabiamento por não ter ido para deputado e aproveita para destilar o seu azedume.
Já se comportou muito mal no governo de Santana Lopes e agora volta a fazer a mesma coisa.
Merece ser governado pelos socialistas e não por gente séria.
Concordo com esta opinião no blogue "Corta Fitas".
Deixei lá um comentário.


http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/4854283.html

e a propósito da Jerónimo Martins gostei muito deste:


http://oinsurgente.org/2012/05/02/o-ultimo-independente/

Auto dos danados

Demorei bastante tempo a ler este livro.
Não porque não tivesse gostado, mas porque andei entretida com a série "Downtown Abbey" e com os tricots para a minha neta.
A acção passa-se em 1975 em pleno "Verão quente", numa família alentejana tradicional, mas completamente exagerada e ridicularizada pelo autor.
Cada capítulo é escrito por um dos membros da família e estive sempre à espera que até a mongolóide falasse.
Tenho a sensação ao ler L.A. que vou a cavalo, tal a catadupa de frases e palavras umas entroncadas nas outras.
Há um capítulo (o antepenúltimo) em que ao mesmo tempo ouvimos o pensamento do velho que está a morrer e os da sua única filha normal, que é um espanto pela forma como conseguiu escrevê-lo sem se baralhar.
Tem qualquer coisa de esquizofrenia este homem!
Apesar de passar quase todo o tempo em que o li mais ou menos perplexa, gostei imenso.

03 maio 2012

Só para filhas e netos

Não tenho espírito de blogger diz a Madalena.
Começou a irritar-me a leitura dos blogues na Alemanha, no Brasil e na Rússia e também em Portugal por pessoas que não comentam, mas vêm todos os dias espiolhar o que escrevo.
Ainda esperei para ver se tinha algum feedback, algum mail, que me dissessem ao que vinham e porque vinham.
Nada.
Só as estatísticas a mostrar o nº de visistas: 7 por semana da Rússia e da Alemanha; 2 -3 por semana do Brasil; 50 e tal por semana de Portugal e umas esporádicas dos Países mais extraordinários: Tailândia, Marrocos, etc, etc.
Gosto de pôr fotografias à vontade, de pôr os nomes completos, de escrever sem estar a pensar se posso prejudicar os meus pequeninos e a minha família.
Este blogue serve para falar consigo, Mãe.
Serve para registar o que gosto e do que não gosto.
Serve para arrumar as minhas ideias, para registar a minha opinião sobre os livros que leio e os filmes que vejo, para me esclarecer a mim própria sobre as minhas opiniões políticas, para exercitar a minha escrita.
Serve para fazer psicanálise sem terapeuta.
É um blogue narcísico pois gosto de me reler.
Abro-o às minhas filhas que são um bocadinho de mim.
Se elas quiserem poderão mostrá-lo mais tarde aos filhos delas que são também bocadinhos de mim.
Poderei abri-lo a alguma outra pessoa mais íntima que goste de me ler e me peça.
Para o resto do mundo fica fechado.



02 maio 2012

Óscar


Óóóscar…, Óóóscar…, Óóóscar…!
Meia-noite.
Todas as noites, de todos os dias da semana, de todos os dias do mês, de todos os dias do ano.
Estou a ler, à espera que me chegue a vontade de apagar a luz, aquele torpôr  que nos dá vontade de  aconchegar o edredon e entrar no reino dos sonhos.
Óóóscar…, Óóóscar…, Óóóscar…!
São os meus vizinhos do 1º andar a chamar o gato.
Nunca tinha ouvido ninguém chamar um gato.
Estes chamam-no todas as noites.
Para mim, um gato é um animal selvagem.
Um gato não tem nome, vive a saltar para os telhados , a comer ratos e a procurar outros da sua espécie.
Este gato tem nome de pessoa e é tratado como tal pelos seus donos.
Anda por lá na rambóia todo o dia.
À meia-noite é certo e sabido que o vão chamar para voltar ao ninho.
Óóóscar…, Óóóscar…, Óóóscar…!



Houve um gato na minha infância parecido com o da imagem chamado "Branquinho" e que passava os dias ao colo da Bábá.
Nunca lhe liguei nenhuma.
Recordo uma manhã que acordei com um ronronar perto da minha cabeça. Era o Branquinho deitado na minha cama.
Dei um salto e o bicho fugiu.
Nunca gostei especialmente dele mas fez-me uma certa impressão pois no dia em que a Bábá morreu no Hospital, foram encontrá-lo na cadeira onde ela costumava sentar-se...morto!
Os gatos pelos vistos também se afeiçoam às pessoas.

01 maio 2012

Açambarcamento

Não gosto de bichas nem de confusão mas hoje fui tentada pela Rita e pelo Gustavo a ir fazer compras ao Pingo Doce que estava a 50% de desconto para quem fizesse compras superiores a 100 euros.
O Jorge ficou a tomar conta dos netos e fomos os três.
Quando lá cheguei e vi que não havia carrinhos e tínhamos que andar a recolher as compras em sacos fiquei baralhada e se estivesse sozinha com o Jorge tinha-me vindo embora.
Eles lá me animaram, o Gustavo pôs-se imediatamente na fila da caixa e nós íamos recolhendo o que podíamos.
Valeu a pena.
Fiz compras no valor de 200 euros e paguei 100.
Foi pena não ter tido tempo para os frescos e congelados pois vim para casa da Rita dar de jantar às crianças e o Jorge foi depois lá buscá-los.
Uma loucura!!!
Acho que o supermercado perde dinheiro com esta brutal promoção em toda a loja, mas a facturação deve ter sido monumental.
Não fiz compras de que me venha a arrepender e embora um bocadinho cansativo foi divertido e aguentei-me bem.
Aqui fica a recordação:



Maio


A minha Juventude

Na minha juventude antes de ter saído
Da casa de meus pais disposto a viajar
Eu conhecia já o rebentar do mar
Das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de Maio era tudo florido
O rolo das manhãs punha-se a circular
E era só ouvir o sonhador falar
Da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
E havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
Entre as coisas e mim havia vizinhança
E tudo era possível era só querer

Ruy Belo