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Faz hoje 49 anos, estava eu no 2º Ano de Agronomia, que começou uma enorme luta estudantil.
Em Lisboa, as associações de estudantes pretendiam comemorar o Dia do Estudante no final de Março. E, mesmo sem autorização do Ministério da Educação Nacional, as comemorações iniciaram-se a 24 de Março de 1962. O regime respondeu com a dureza habitual. A cantina foi encerrada e a Cidade Universitária invadida pela polícia de choque. Estudantes foram espancados e presos, desencadeando uma reacção de repúdio que levou a que fosse decretado o luto académico e a greve às aulas.
Eu, e muitos outros, educados sem nunca termos ouvido falar de ditadura, nem de repressão, mas apena no respeito pelos mais velhos e os superiores, ficamos sem perceber nada do que se passava.
A Srª D. Mª Leonor Alçada, mãe da Isabel e da Nor, pediu a alguns dos nossos colegas associativos, para irem a sua casa e explicarem a mim e à Isabel o que se estava a passar, para nós podermos decidir se devíamos ou não ir às aulas.
Éramos completamente apolíticas e mesmo com a explicação que eles nos deram e a conselho da Mãe da Isabel, resolvemos não aderir àquela onda.
Lembro-me de ir assistir ao que se passava na cidade universitária, ver alguns colegas metidos na Cantina Universitária a fazer greve da fome, mas aquilo a nós não nos interessava nada.
Nós as duas e mais um ou dois colegas fomos sempre às aulas dos professores que não aderiram às greves e fomos os únicos, a fazer os exames na altura devida. Chamavam-nos "fura greves" e falta de espírito de "solidariedade".
Os outros diziam que não se importavam de perder o ano, mas acabaram por ir a uma segunda chamada.
Tudo isto está um bocado nebuloso na minha memória, porque não percebia bem o que se estava a passar, mas admiro a coragem que tivemos, contra ventos e marés e com muita gente zangada connosco, de não termos ido na onda e termos tomado aquela atitude.
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