23 março 2011

Dia do estudante

Imagem tirada daqui
Faz hoje 49 anos, estava eu no 2º Ano de Agronomia, que começou uma enorme luta estudantil.
Em Lisboa, as associações de estudantes pretendiam comemorar o Dia do Estudante no final de Março. E, mesmo sem autorização do Ministério da Educação Nacional, as comemorações iniciaram-se a 24 de Março de 1962. O regime respondeu com a dureza habitual. A cantina foi encerrada e a Cidade Universitária invadida pela polícia de choque. Estudantes foram espancados e presos, desencadeando uma reacção de repúdio que levou a que fosse decretado o luto académico e a greve às aulas.

Eu, e muitos outros, educados sem nunca termos ouvido falar de ditadura, nem de repressão, mas apena no respeito pelos mais velhos e os superiores, ficamos sem perceber nada do que se passava.

A Srª D. Mª Leonor Alçada, mãe da Isabel e da Nor, pediu a alguns dos nossos colegas associativos, para irem a sua casa e explicarem a mim e à Isabel o que se estava a passar, para nós podermos decidir se devíamos ou não ir às aulas.

Éramos completamente apolíticas e mesmo com a explicação que eles nos deram e a conselho da Mãe da Isabel, resolvemos não aderir àquela onda.

Lembro-me de ir assistir ao que se passava na cidade universitária, ver alguns colegas metidos na Cantina Universitária a fazer greve da fome, mas aquilo a nós não nos interessava nada.

Nós as duas e mais um ou dois colegas fomos sempre às aulas dos professores que não aderiram às greves e fomos os únicos, a fazer os exames na altura devida. Chamavam-nos "fura greves" e falta de espírito de "solidariedade".

Os outros diziam que não se importavam de perder o ano, mas acabaram por ir a uma segunda chamada.

Tudo isto está um bocado nebuloso na minha memória, porque não percebia bem o que se estava a passar, mas admiro a coragem que tivemos, contra ventos e marés e com muita gente zangada connosco, de não termos ido na onda e termos tomado aquela atitude.


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